Zeitgeist com o recheio cremoso de um beijo sem língua. Servidos?
título alternativo: o comportamento segundo o catupiry e um difusor da Zara Home [004🌽]
Todo fim de ano, a American Dialect Society escolhe uma “palavra do ano”. Alguns dicionários fazem isso também, vocês já devem ter visto. A ideia é eleger um termo que resume o que foi mais marcante naquele período.
Em 2020, por exemplo, a palavra do ano foi…1 minuto pra vocês chutarem… Covid, é claro.
Muitas vezes, essa palavra nem é exatamente uma palavra, ela pode ser uma expressão, uma gíria... Isso porque, mais do que refletir o fato ocorrido, ela capta (e reflete) o comportamento daquele ano. Ela traduz o zeitgeist. Ela revela os sinais das gerações. Do tempo.
Quando a gente fala de palavras, a gente não está só falando sobre o que aconteceu, a gente quer falar sobre como aquilo foi relatado, compartilhado, descrito. Tem o fator kikiki, pipipi popopó e a comoção sobre o que rolou. Palavras são a nossa linguagem, sim, são como denominamos as coisas — mas mais que isso, elas compõe o vocabulário das nossas gerações, regiões, dos nossos grupos. E muitas vezes as palavras que buscamos não estão escritas no dicionário.
Em 1998 e 1999, por exemplo, as escolhidas foram "e-" e "Y2K". Poderiam ter sido “internet” e “milênio”, e ainda assim fariam sentido. Mas “e-” e “Y2K” dizem mais. Elas trouxeram o jeito como a gente falava daquilo tudo — o começo da internet, ela entrando dentro da casa das pessoas, o bug do milênio, o medo de perder tudo salvo no disquete, do que vir ser novo demais.
Em 2015, a palavra do ano foi “😂”. Ela poderia ter sido LOL, mas não era mais assim que a gente ria nos grupos de WhatsApp. LOL já tava meio… cringe. Aliás, “cringe” bem que podia ter levado essa em 2021, né?
Essa semana eu queria dividir com vocês a minha palavra da semana, que foi “bom”. Eu sei que olhando assim parece meio xoxo (de /xôxu/, não de x.o.x.o., gossip girl). Porque, na teoria, bom não é ótimo. Mas, quando a gente fala de comportamento, bom é quase sempre ótimo, sim. E essa semana eu aprendi isso.
Fui fazendo pequenas mudanças na minha casa e no meu trabalho. Pequenas mesmo. Coisas que dei check na minha 'to do list' em pouco mais de 5 minutinhos. Coisas quase óbvias. Do tipo todo dia de manhã virar o pauzinho do difusor da sala e do banheiro, ou criar um banco de “ideias pra amadurecer antes de compartilhar” no bloco de notas do computador. Nada revolucionário. E no final do dia, essas pequenas mudanças fizeram uma diferença enorme.
E, na verdade, quase sempre o bom é só uma promessa tímida. "Só mais uma colher de catupiry", por exemplo, pode fazer o empadão ser o mais cremoso que você já provou na vida. O beijo que ainda não teve língua pode ser o melhor do ano. Da década. Do namoro!! Da vidaaaa!!!!!!!! E o bom, eu repito, quase sempre pode ser ótimo. Vale muito a pena testar.
Exemplo prático de quando o bom pode ser ótimo ou o ruim pode ser péssimo (vai variar do seu ponto de vista):
Na terça-feira eu fui fazer drenagem de manhã e levei uma bolsa cheia de coisa, porque ia emendar num café pra trabalhar e estava cheia de reuniões logo cedo. Dia agitado, visto que fui… rufem os tambores… promovida!
Cheguei na clínica, tirei a roupa, coloquei dentro da minha gigantesca ecobag da Livraria da Travessa, pendurei tudo num ganchinho em cima dos meus chinelos e me enrolei na toalha. A esteticista entrou, me ofereceu um aparelho de ultrassom novo, tudo muito que bem.
Até que minha bolsa, pesando no ganchinho há aproximadamente 15 minutos, caiu no chão. Levou o gancho junto, deixando um buraco enorme na parede. A massagista recolheu as coisas na maior paz do mundo e colocou em cima de uma bancada. Seguimos a drenagem como se nada. Eu, deitada na maca e com o texto acima já prontinho no bloco de notas, só pensei em como é impressionante que “o bom quase sempre é ótimo” pode se aplicar a tudo, inclusive à física. Se eu tentasse arrancar aquele gancho com a mesma força da minha bolsa, de uma vez só, seria impossível. Mas a força constante, por 15 minutinhos… deu conta do recado. Se eu aguardasse esses mesmo tempo com minhas próprias mões (meme), teria dado igualmente certo. A parede cedeu, o gancho saiu, o objetivo foi atingido: ele mesmo, o ótimo.
Evidência #1:
Evidência #2:
Eu só havia esquecido que meu computador do trabalho estava ali dentro rs. Essa história podia ter virado uma tragédia: parede destruída + laptop quebrado = ótimo demais pra ser verdade, que é também quando o ruim vira o péssimo. Mas tudo certo, pessoal. Neste momento me encontro num café digitando este anexo diretamente do meu Macbook. Até os adesivos sobreviveram sem um arranhão.
Relatos selvagens e onde habitam: no bairro de Higienópolis.
E como hoje estamos falando de palavras, preciso escolher as certas para introduzir a maioral, a mais esperada, a (na semana passada) saudosa, o nosso carro-chefe, aquela que ninguém deixa de ler (mas talvez deixe de comprar), the apple of our eyes… a coluna do meu amigo Túlio.
Essa semana trazendo todos os livros que ele não comprou, em NYC, mas que escolheu julgando pela capa. São pra ler, sim, mas eles também dariam ótimos coffe table books, disse ele.
Seguem os links, caso vocês queiram comprar pra ele de presente. Vai que:
Pessoal, encerro esta quarta edição da nossa newsletter ainda trazendo o conteúdo mais aleatório que meu amigo João Vitor Mathias me encaminhou essa semana no Instagram. Faz mais ou menos 6 meses que não utilizamos o WhatsApp. Mas dessa vez, queria trazer mais um 💋 pra dividir com vocês.
Minha amiga Milena tem uma filha perfeita e um algoritmo alucinante no TikTok. E às vezes eu fico realmente supresa com onde ele é capaz de chegar. Queria, por isso, dividir com vocês o conteúdo menos aleatório que ela me enviou essa semana (importante assistir com áudio):
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Eu nao sou boa em achar as palavras certas pra descrever o quanto você escreve bem, aliás, bem não, ótimo! ♥️
sempre bom no meio do trabalho, ou no ônibus saindo do trabalho e indo pra faculdade, ou deitada na cama após ter saído do trabalho, pegado um ônibus, ido pra faculdade, ler uma nova newsletter sua, Mari.
sempre bom ver um pouco da vida pelo seu angulo….